Chuva e bolo de araruta
O Bolo de Araruta
Por Vanderlei Testa
Já escrevi uma coluna no Jornal Cruzeiro do Sul sobre
segurança do trabalho na década de 80 quando o editor na época, Sergio Coelho
de Oliveira me convidou para essa atividade. Posteriormente, quando participava
do Rotary Clube Sorocaba Leste assumi a coluna dominical que havia no jornal.
Foi à segunda experiência, entre tantas outras de uma história que começou em
1974, quando imprimi na gráfica do Cruzeiro um jornal tabloide mensal para a
Siderúrgica NS Aparecida e que mantenho em meu arquivo como uma relíquia dos
meus 15 anos de jornalista naquela empresa. Estou de volta! Convidado a
escrever quinzenalmente às terças-feiras uma crônica no meu estilo de
valorização da vida e do ser humano, da preservação da memória das pessoas que
são ícones para Sorocaba, começo hoje com o “Bolo de Araruta” em homenagem aos
médicos e a quem me carregou no ventre durante nove meses e deu à luz a um
menino que o meu pai Ernesto escolheu em família dar o nome de José. Só que no
caminho do cartório, encontrou o amigo Vanderlei que trabalhava com ele e
acabou por decidir inseri-lo no registro de meu nascimento em 27 de janeiro.
Ficou Vanderlei José Testa. Ah, isso sem falar com minha mãe que deu bronca e
depois me contava esse fato sorrindo. Bem, aproveitando, vou escrever sobre o
bolo de araruta porque neste dia 16 de julho de 2019, quando são publicadas
estas linhas de lembranças do passado, me vem à mente que toda vez que tinha
uma reunião em família o tal bolo era a presença mais esperada da festa. Então
fui comprar a araruta no mercado municipal, naqueles armazéns do porão e parti
para usar um velho e surrado caderno de receitas da mamãe dona Carmela. Afinal,
estar novamente no Jornal Cruzeiro do Sul com seus leitores merece celebração.
O jornal impresso nas rotativas tem um perfume especial das tintas coloridas.
Diariamente recebo o jornal há 28 anos na minha agência de publicidade. Faço
questão de pegar e ler cada página. Há um sentimento de pertença entre minhas
mãos e o Cruzeiro. Na verdade convivo
com ele e suas diretorias, editores e equipe de redatores há mais de 55
anos. O departamento comercial e a
redação na rua São Bento, onde atualmente está o Bradesco, recebia minhas
visitas constantemente. Nunca o comércio de Sorocaba vendeu tanto com as
loucuras do saudoso Foad Musa em suas promoções nas páginas do Cruzeiro.
Acabava com os estoques de supermercados como o Vem-Ká da família de Sergio
Cardoso e a loja Cotex do Elias Antonio José na avenida São Paulo. Acredito no
poder de venda do jornal impresso, como acredito que o gostinho do bolo de
araruta que estou saboreando é eterno. Sempre haverá livros e jornais para
degustarmos cada página como frutos de uma árvore chamada Vida.
E ela, a vida, gratuita e um dom divino, têm na medicina e
nos profissionais que assumem essa vocação, a continua esperança do ser humano
em preservá-la das enfermidades. E vai aqui o meu reconhecimento ao médico
Edgard Steffen que nos seus mais de 75 anos de vida dedicada à medicina proporcionou
a milhares de crianças que atendeu como pediatra o mesmo tratamento humano que
dá aos seus quatro filhos. A história de Sorocaba tem registrada em seus anais
a presença de pessoas na área da saúde que jamais serão esquecidas por seus feitos
à população. O médico José Stilitano na Irmandade da Santa Casa. Nilton Vieira
de Souza como um sábio profissional formado na Faculdade de Medicina no Rio de
Janeiro e se entregou a praticar em Sorocaba por mais de 50 anos a sua abnegada
missão de cuidar dos enfermos mais necessitados, chegando inclusive a salvar a
minha vida. Gualberto Moreira tinha o seu consultório ao lado da minha casa na
rua Santa Maria, no bairro do Além Ponte. Apesar da minha pouca idade na época,
via a quantidade de famílias acolhidas pelo doutor Gualberto, escolhido
inclusive para ser prefeito da cidade em gratidão aos serviços clínicos
prestados aos operários da fábrica Santa Maria. E na mesma linha de ação
comunitária de amor aos pobres, o doutor ”Pitico”, Artidoro Mascarenhas, com certeza
está no paraíso, agraciado pelo Criador com o reconhecimento de ter sido aqui
na Terra um anjo humano com o título de médico.
Ele atendia a minha mãe com a generosidade dos santos, ganhando sempre
um pedaço de bolo de araruta como recompensa.
Vanderlei Testa
Jornalista e
publicitário, escreve quinzenalmente às
terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul. Aos sábados, no
www.facebook.com/artigosdovanderleitesta
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