A mãe do monge Mathias
Por Vanderlei Testa
A brasileira
Lázara Tolentino Braga, anônima trabalhadora e mulher do sitio, do arado e da
terra mineira nunca apareceu na mídia, como as personalidades de Brasília. É lá
que ela mora. Seus primeiros 13 anos de vida na roça nunca a desanimaram a
estudar, mesmo com as dificuldades das escolas rurais.
Há um livro de recordações na minha memória. Monges ligados
ao Mosteiro de São Bento e, de alguma forma, aos meus sentimentos de gratidão e
reconhecimento. A palavra abade vem do substantivo latino abbas, “abbá” e
significa pai. Motivo pelo qual os beneditinos que seguem a vida monástica de
São Bento, têm um pai abade na condução de cada Mosteiro. O de São Paulo,
capital e, consequentemente, pela mesma gestão, o de Sorocaba, é orientado pelo
Abade Dom Mathias Tolentino Braga. Conheço-o há muitos anos. Antes dele, era Dom
Isidoro, o abade em São Paulo. No dia 19 de setembro de 1995 recebi de Dom
Isidoro um livro valioso em sinal de amizade, que permanece comigo até hoje: um
exemplar das Regras de São Bento. Em 27 de junho deste ano, convidei Dom Rocco Fraioli, do Mosteiro de São Bento,
em Sorocaba, para falar aos empresários e líderes cristãos da Associação dos
Dirigentes Cristãos de Empresas- ADCE. Retornando a Dom Mathias, em julho de 2012 ele foi homenageado com o título
de Cidadão Sorocabano. Foi na Câmara Municipal que conheci a sua mãe, dona
Lázara Tolentino Braga. Não resisti à vontade de “prosear” com ela. Na sua
simplicidade e meiguice, veio a Sorocaba para prestigiar o filho abade. A
brasileira anônima, trabalhadora e mulher do sitio, do arado e da terra
mineira, Lázara Tolentino Braga nunca apareceu na mídia, como as personalidades
de Brasília. É lá que ela mora atualmente. Seus primeiros 13 anos de vida na
roça nunca a desanimaram a estudar, mesmo com as dificuldades das escolas
rurais. Dona Lázara na sua juventude na cidade mineira de Presidente Olegário
estava concluindo a quinta-série. Ela me contava que depois disso, voltou à sua
casa na beira da Fazenda do Rio do Peixe, Diocese de Patos de Minas, para realizar um
chamado iluminado por Deus em seu coração. Lázara com seus poucos recursos
materiais e, determinada, abriu uma sala de aula rural na própria casa. O seu
objetivo com os conhecimentos que tinha adquirido, precisava ser compartilhado
com a vizinhança da colônia, trabalhadores, jovens e adultos analfabetos. A professora mirim Lázara, nos seus 13 anos
de idade iria educar e amar o seu próximo com os ensinamentos recebidos.
Outra ousadia dessa mulher incrível foi querer continuar os
seus estudos. Como não havia escolas em que pudesse frequentar no sítio, teve a
feliz imaginação de usar o único meio de comunicação que possuía em casa: um
velho rádio. Sintonizou as estações até conseguir encontrar as aulas que
desejava em programa de ensino a distância. E foi lá na roça mineira, ouvindo
as aulas na cozinha de casa, onde também fazia o bambá de couve ( caldo de
carne engrossado com fubá, ovos, couve e linguiça). A menina Lázara foi em
frente até conseguir chegar ao Curso Normal. Assim, chegou a ser habilitada
como professora diplomada. Essa paixão
pelo ensino a levou por 17 anos a educar crianças e adultos no sitio.
Após sua longa convivência em sua terra natal, Minas Gerais,
seguiu para morar em Brasília. Levou consigo os seis filhos e filhas do
casamento com Adão Braga. Tinha 31 anos de vida naquela época. Forte e vencedora, com os dons que recebeu como graça divina, foi trabalhar para
sustentar sua família. A menina da roça agora sonhava mais com o aprendizado
dos bancos escolares e confiava, segundo ela, que com o Pai do céu ao seu lado,
tudo é possível de ser realizado. Ela queria ser advogada. Trabalhava de dia e
estudava a noite. Batalhou muito para conquistar o seu diploma de Bacharel em
Direito. Usou seus conhecimentos como advogada para defender e trabalhar em
entidades com crianças órfãs, abandonadas e atendimento jurídico aos presos. Dedicou-se aos doentes. O filho Mathias teria
o exemplo da mãe no impulso à sua vida religiosa e de estudos. Um chamado de
Deus levou o filho Mathias a abandonar sua carreira conquistada na engenharia
do ITA e foi ser monge beneditino em São Paulo, ordenado em 1998 após muitos
anos de estudos. O tempo foi passando e dom Mathias por sua total dedicação à oração,
estudo e trabalho é nomeado em 14 de maio de 2006 com a benção abacial,
tornando-se Abade. Sorocaba e o Mosteiro
de São Bento de São Paulo ganharam o sábio Abade dom Mathias Tolentino Braga
com raízes cristãs verdadeiras geradas no ventre da mamãe Lázara Tolentino
Braga, uma mulher fantástica, lavradora, professora, advogada e mãe: um
testemunho de vida a todos nós brasileiros.
Vanderlei Testa, jornalista e publicitário escreve
quinzenalmente às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul. Aos sábados, no
www.facebook.com/artigosdovanderlei testa
A mãe do monge Mathias
A brasileira
Lázara Tolentino Braga, anônima trabalhadora e mulher do sitio, do arado e da
terra mineira nunca apareceu na mídia, como as personalidades de Brasília. É lá
que ela mora. Seus primeiros 13 anos de vida na roça nunca a desanimaram a
estudar, mesmo com as dificuldades das escolas rurais.
Há um livro de recordações na minha memória. Monges ligados
ao Mosteiro de São Bento e, de alguma forma, aos meus sentimentos de gratidão e
reconhecimento. A palavra abade vem do substantivo latino abbas, “abbá” e
significa pai. Motivo pelo qual os beneditinos que seguem a vida monástica de
São Bento, têm um pai abade na condução de cada Mosteiro. O de São Paulo,
capital e, consequentemente, pela mesma gestão, o de Sorocaba, é orientado pelo
Abade Dom Mathias Tolentino Braga. Conheço-o há muitos anos. Antes dele, era Dom
Isidoro, o abade em São Paulo. No dia 19 de setembro de 1995 recebi de Dom
Isidoro um livro valioso em sinal de amizade, que permanece comigo até hoje: um
exemplar das Regras de São Bento. Em 27 de junho deste ano, convidei Dom Rocco Fraioli, do Mosteiro de São Bento,
em Sorocaba, para falar aos empresários e líderes cristãos da Associação dos
Dirigentes Cristãos de Empresas- ADCE. Retornando a Dom Mathias, em julho de 2012 ele foi homenageado com o título
de Cidadão Sorocabano. Foi na Câmara Municipal que conheci a sua mãe, dona
Lázara Tolentino Braga. Não resisti à vontade de “prosear” com ela. Na sua
simplicidade e meiguice, veio a Sorocaba para prestigiar o filho abade. A
brasileira anônima, trabalhadora e mulher do sitio, do arado e da terra
mineira, Lázara Tolentino Braga nunca apareceu na mídia, como as personalidades
de Brasília. É lá que ela mora atualmente. Seus primeiros 13 anos de vida na
roça nunca a desanimaram a estudar, mesmo com as dificuldades das escolas
rurais. Dona Lázara na sua juventude na cidade mineira de Presidente Olegário
estava concluindo a quinta-série. Ela me contava que depois disso, voltou à sua
casa na beira da Fazenda do Rio do Peixe, Diocese de Patos de Minas, para realizar um
chamado iluminado por Deus em seu coração. Lázara com seus poucos recursos
materiais e, determinada, abriu uma sala de aula rural na própria casa. O seu
objetivo com os conhecimentos que tinha adquirido, precisava ser compartilhado
com a vizinhança da colônia, trabalhadores, jovens e adultos analfabetos. A professora mirim Lázara, nos seus 13 anos
de idade iria educar e amar o seu próximo com os ensinamentos recebidos.
Outra ousadia dessa mulher incrível foi querer continuar os
seus estudos. Como não havia escolas em que pudesse frequentar no sítio, teve a
feliz imaginação de usar o único meio de comunicação que possuía em casa: um
velho rádio. Sintonizou as estações até conseguir encontrar as aulas que
desejava em programa de ensino a distância. E foi lá na roça mineira, ouvindo
as aulas na cozinha de casa, onde também fazia o bambá de couve ( caldo de
carne engrossado com fubá, ovos, couve e linguiça). A menina Lázara foi em
frente até conseguir chegar ao Curso Normal. Assim, chegou a ser habilitada
como professora diplomada. Essa paixão
pelo ensino a levou por 17 anos a educar crianças e adultos no sitio.
Após sua longa convivência em sua terra natal, Minas Gerais,
seguiu para morar em Brasília. Levou consigo os seis filhos e filhas do
casamento com Adão Braga. Tinha 31 anos de vida naquela época. Forte e vencedora, com os dons que recebeu como graça divina, foi trabalhar para
sustentar sua família. A menina da roça agora sonhava mais com o aprendizado
dos bancos escolares e confiava, segundo ela, que com o Pai do céu ao seu lado,
tudo é possível de ser realizado. Ela queria ser advogada. Trabalhava de dia e
estudava a noite. Batalhou muito para conquistar o seu diploma de Bacharel em
Direito. Usou seus conhecimentos como advogada para defender e trabalhar em
entidades com crianças órfãs, abandonadas e atendimento jurídico aos presos. Dedicou-se aos doentes. O filho Mathias teria
o exemplo da mãe no impulso à sua vida religiosa e de estudos. Um chamado de
Deus levou o filho Mathias a abandonar sua carreira conquistada na engenharia
do ITA e foi ser monge beneditino em São Paulo, ordenado em 1998 após muitos
anos de estudos. O tempo foi passando e dom Mathias por sua total dedicação à oração,
estudo e trabalho é nomeado em 14 de maio de 2006 com a benção abacial,
tornando-se Abade. Sorocaba e o Mosteiro
de São Bento de São Paulo ganharam o sábio Abade dom Mathias Tolentino Braga
com raízes cristãs verdadeiras geradas no ventre da mamãe Lázara Tolentino
Braga, uma mulher fantástica, lavradora, professora, advogada e mãe: um
testemunho de vida a todos nós brasileiros.
Vanderlei Testa, jornalista e publicitário escreve
quinzenalmente às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul. Aos sábados, no
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