Família Angheben




Uma taça de vinho italiano Angheben em Sorocaba


Por Vanderlei Testa 

Na última terça-feira, dia 4 de junho foi celebrada com missa na Catedral Metropolitana presidida por Dom Julio Endi Akamine o Dia da Festa da República Italiana comemorada em Sorocaba pela “Societá Culturale Italiana”. Em todo o Brasil e na Itália e nos países onde os italianos e dependentes moram houve eventos e como não podia faltar, o vinho se fez presente. O plantio dos vinhedos em terras italianas vem de muito longe no calendário. Desde a época que conhecemos na história bíblica já havia a celebração dos imperadores com essa bebida que fascina o mundo. O sabor das uvas e o carinho no tratar a colheita resultam nas atuais vinícolas italianas as preciosas garrafas que consumimos. Também há os exageros de valores em determinadas marcas de vinhos custando uma garrafa mais de R$ 30 mil reais, como vi recentemente em um empório em São Paulo, capital. Perguntei ao funcionário se vendia muito esse vinho caríssimo, e a resposta foi: “todos os dias vendemos essas garrafas”. Voltando a realidade da economia do Brasil e a nossa homenagem desta semana, buscamos no nome da família Angheben que é uma marca de vinhos do Sul do país. A raiz do nome da família é a mesma da origem italiana em Sorocaba. Os Angheben do Vale dos Vinhedos de Bento Gonçalves usam uma estrutura artesanal e eficiente nos seus vinhos para uma noite fria regada a queijos. Eduardo Angheben, enólogo e proprietário, filho do fundador Idalencio Francisco Angheben é o atual membro da família que acolhe os visitantes em sua vinícola no Sul onde estivemos e recomendamos o passeio. Já em Sorocaba a família Angheben teve outros rumos desde quando os avós do amigo de trabalho na Metalúrgica NS Aparecida  Rubens Angheben Silva Maia arrumaram as malas e vieram como imigrantes ao Brasil. Como descendente também de italianos, fico buscando as histórias de vida como essa emocionante dos Angheben. Foi lá em 1866 quando Tirol (região da Itália) pertencia à Áustria- estive passeando em 2018 nesse país- que Frazioni Angheben da Comune de Vallarsa surge na árvore genealógica preparada pelo bisneto Marcel Garibaldi, a quem agradecemos o relato. O  Dominico Alessandro Angheben  e Marietta Faggion são os bisavós do Marcel. Eles se conheceram no Vapor Manilla na sua vinda ao Brasil em 1890. Como todos os italianos enamorados e com muitos filhos em suas pretensões- meus avós tiveram 13 filhos da família Testa-  e os Angheben oito filhos. Em 1900 Alexandre e Maria Angheben chegaram à Vila de Votorantim para serem os tecelões que a empresa começava a contratar no inicio de sua fábrica de tecidos. Os anos se passaram e o casal, entre as dificuldades e conquistas, criaram a sua família com honradez e a persistência dos italianos imigrantes. Chegaram a ser agricultores em plantações de legumes e verduras na rua Chile em Sorocaba. Seus filhos, como o Rubens que foi mecânico da manutenção da metalúrgica na época em que exerci minhas atividades de editor do Jornal na empresa, sempre se destacou por suas iniciativas, inclusive sugerindo muitas reportagens. Alexandre e Maria também tiveram seus filhos, como professor, barbeiro e outras atividades que nas décadas de 50 em diante estavam disponíveis no mercado de trabalho. A casa da rua Campos Salles 515 registrou durante anos a presença da família Angheben em suas salas e quartos e cozinha. Um dia no, entanto, enquanto dormia, o anjo do Alexandre veio busca-lo na paz daquela tarde de sol. Maria, a esposa apaixonada, poucos anos depois, foi ao seu encontro em 6 de dezembro de 1947. O exemplo de vida da família Angheben em Sorocaba deixou saudades e continua até hoje com o legado dos bisnetos, netos e filhos com o “tim tim” nas taças do vinho com a mesma marca Angheben, saudando o dom da vida gerada pelos Giuseppe e Giuseppa e a Festa da República Italiana.

Foto: Rubens Angheben
Foto: Alexandre Angheben e Maria Faggion
Foto: Família Angheben em dia de foto para a posteridade

Vanderlei Testa
Jornalista e Publicitário

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