Fotógrafos de Sorocaba
Os fotógrafos pioneiros de Sorocaba são de
1914
Por Vanderlei Testa
Estou sempre atento às
notícias que aparecem nas redes sociais. Elas servem de motivação para uma bela
história em meus artigos. Foi assim que li sobre o encontro do Yoshiro Watanabe
com o Teófilo Negrão, em foto clicada
pela Fabíola Mallmann e nos comentários de muitas pessoas relembrando a sua
loja em Sorocaba na rua Barão do Rio Branco. No final da década de 40 os irmãos
Watanabe desciam do trem na estação da Estrada de Ferro Sorocabana para
recomeçar sua vida na cidade. Talvez o espírito japonês de tecnologia já
estivesse na alma dos Watanabe, pois normalmente as famílias nipônicas
preferiam ficar na lavoura. Conforme os irmãos iam abrindo suas lojas com nome
inspirados em astros e futuro: Cosmos, Tokio, Moderna, os Watanabe cresciam
profissionalmente e investiam em novos equipamentos para retratarem seus novos
clientes sorocabanos. As mãos calejadas dos irmãos, na lavoura de Lins e
Marilia, cidades onde plantaram café e algodão, fizeram com que as raízes de
descendentes Watanabe em Sorocaba surgissem no comércio com a garra em vencerem
na vida profissional. E vem daí também a expansão dos negócios da família na
cidade. A presença do irmão “seu Shiroo Watanabe”, na rua dr. Braguinha, conquistou imensa
freguesia na loja de fotografia. Entre os amigos dos irmãos Watanabe e Shiroo, estava
o saudoso Lima Duarte, um dos ícones em comércio fotográfico de Sorocaba com
seus três filhos que produziam as melhores fotos 3x4 da região.
Eram impecáveis
nos retoques em preto e branco. Fiz muitos “retratos” nessas lojas para os
documentos de escolas e carteiras de trabalho e associações na loja da rua da
Penha do “seu Lima” e seus meninos aprendizes: Teófilo, Francisco e Fernando.
Ainda hoje, depois de 51 anos a serem comemorados em novembro, em meio às novas
tecnologias da fotografia digital, permanece a tradicional propaganda da foto
3x4 na tabuleta cinquentenária, rodeada de centenas de imagens históricas
coladas na parede da loja do Téo Negrão que assumiu o lugar do pai e mantém a
tradição da família no mesmo lugar.
O Augusto, da atual
Multiplic, também do ramo de fotografias há mais de 30 anos, tinha vindo de uma
experiência de supermercado. Pegou a época áurea das cópias das imagens
captadas nas máquinas com rolo de filmes de 12/24/36 poses, em especial das
Kodak. Diariamente, enviava os rolos amarelos, como faziam todas as lojas da
cidade para a revelação na Curt em São Paulo. Ele contou-me que aceitava
qualquer tipo de serviço na época dos anos 80/90, no boom das fotos. Fui olhar
os álbuns antigos de fotografias em P/B na minha coleção de registros
familiares. Casamentos eram feitos em estúdios com um cenário que envolvia uma
produção com detalhes de cortinas, poltronas e colunas romanas.
A foto Navarro
em Sorocaba era uma delas. Uma marca d’agua carimbada no verso garantia a
autenticidade do fotógrafo contratado. A loja ficava na rua dr. Alvaro Soares.
Já na rua São Bento, em frente ao cinema com o mesmo nome, na década de 70, o
Tadao Watanabe com seus óculos escuros usados na revelação, e sempre na testa,
quando ia ao atendimento do balcão, mexia com a vaidade das pessoas que ficavam
contemplando seu rosto fotografado há apenas uma hora. Era a época das chamadas
“fotos na hora”. Anteriormente, o “freguês” esperava 24 horas para retirar a
revelação. Uma inovação tecnológica que iniciou a mudança da trajetória da
fotografia no início do século XXI vem com as digitais. Agora com os celulares
cada vez mais aperfeiçoados, pen-drives, HD e armazenamento portáteis
especiais, como um que comprei recentemente, as tradicionais lojas físicas
acabam dividindo suas revelações com os sites especializados. Eles recebem em
segundos os arquivos de centenas de fotos digitais e encaminham no mesmo dia
aos consumidores.
A mais antiga loja de
“Phothografias” de Sorocaba que conheço é numa foto do Adolfo Frioli de maio de
1914, do estúdio do F.Scardigno. Já aberta
até hoje, segundo relatos dos antigos fotógrafos da cidade é a “Foto Repórter
Santana” , na rua Olavo Bilac que está
sob a direção do filho e da neta do fundador.
A Foto Navarro que nasceu do
fotógrafo Paulo Conceição na rua Maylasky e atualmente está na Miranda Azevedo,
é tocada pelo filho Paulo. A Foto Vieira
na Nogueira Padilha não existe mais e permanecerá para sempre na história de Sorocaba,
que em 15 de agosto completa 365 anos. Mais uma vez a imagem da cidade será fotografada nas lentes dos celulares e fotógrafos,
como o Teco Barbero, de baixa visão ( 5% de visão), Edu Couto, fotógrafo
internacional, Edson Souza, Mirna Modolo, Bruna Russo, Alexandre Maciel.
E no
dia 19 de agosto, na comemoração do Dia Mundial da Fotografia, fica a homenagem
a todos os fotógrafos de Sorocaba e ao Grupo Imagem Núcleo de Fotografia que
fazem da sua vocação profissional um dom maravilhoso de clicar nascimentos,
casamentos, batizados, aniversários, festas, esportes, eventos, e tantas outras
manifestações humanas com a sua visão de “olhos da alma”. E como dizem os
apaixonados por essa magnifica arte: “A
fotografia é uma das invenções mais extraordinárias da história da humanidade e
que revolucionou a sociedade a partir de meados do século XIX, assim como a
cultura, a economia, as arte”.
Foto 1: Crédito de arquivo do Adolfo Frioli:
“Photographia Scardigno”, em 1914
Foto: Teófilo Negrão e Yoshiro Watanabe
Foto: Teófilo e as placas na loja das fotos 3x 4
Foto: Teco Barbero, baixa visão e qualidade de
fotos na FACENS
Foto: Bruna Russo especializada com pets
Foto. Edu Couto, de Sorocaba, fotógrafo
internacional
Vanderlei Testa,
jornalista e publicitário, escreve aos sábados no www.facebook/artigosdevanderleitesta
e no site www.jornalipanema.com.br/Opinião
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