O tempero da fofinha mãe Carmela
Maio é
um mês da sensibilidade humana. Aflora no segundo domingo com o Dia das Mães. E
seguem todos os dias com os apelos publicitários e nas homenagens prestadas às
mulheres, tendo como referência aos cristãos a figura materna de Maria. Fui
criado nesse ambiente e já tive a oportunidade de comentar em artigos que
escrevo no Jornal Ipanema há mais de 10 anos. Minha mãe Carmela nasceu e foi
criada em uma área rural de Piracicaba. Tinha o nome de “Recanto”, e ficava
dentro de uma fazenda de cana de açúcar da Usina do local. Foi lá que cresceu
em meio aos canaviais, pés na terra e bebendo leite das vaquinhas. Já me vi
pensando várias vezes sobre essa infância da mulher mãe que proporcionou na sua
gestação a minha vida. Fico olhando a sua foto de juventude, ela se foi aos 93
anos de idade num último suspiro ao meu lado na enfermaria da Santa Casa de
Sorocaba, em um atendimento de emergência.
Uma linda mulher literalmente no
sentido da palavra. Cabelos cacheados pretos, olhos brilhantes, face de uma
ingenuidade e meiguice ímpar. Era simples e delicada, aquela que nasceu de pais
italianos- Ferrucio e sua amada Rosa- sempre foi um testemunho do silêncio da
Maria que acompanhou seu filho Jesus na cruz e na ressurreição. Minha mãe ouvia
muito de todos que a procuravam e só falava palavras de sabedoria como
conselhos às amigas e parentes que a visitavam para conversar. Aos filhos
seguia a mesma linha de comportamento em orientar na educação firme da
sinceridade em agir com os outros. A mamãe Carmela tinha as suas virtudes na
arte da cozinha caseira. Um arroz e feijão com ovo e bife, torresminho que
aparecia da sua preparação do toucinho e um tempero que me faz lembrar no seu
cheirinho saindo da panela no fogão de lenha. E quando chegava a família para
saborear o seu café da tarde com o pão que amassava nas suas frágeis mãos,
aqueles bolinhos de chuva, então brilhava na mesa aquele maravilhoso bule
enfeitado que guardo há décadas na minha casa. Imaginem que ela ganhou esse
bule como presente de casamento nos seus 18 anos. Escrever ou falar de mãe é
fácil para quem valoriza aquela que proporciona aos filhos o dom da vida.
Recentemente contei aqui nos artigos semanais uma visita que fiz no Lar dos
Idosos de Aracoiaba da Serra. Vi lá mulheres de cabelos brancos, com mãos e
corpos marcados pela idade avançada sentadas em bancos ou cadeira de rodas.
Várias isoladas da família e de filhos. Só pagam a mensalidade. Confesso
publicamente que chorei de emoção lá e aqui ao escrever desceu uma lágrima. Uma
solidão triste no final da vida. Mãe será sempre mãe. Jamais deveria ser
abandonada. Cada vez mais as casas de repousos acolhem essas mulheres virtuosas
e abençoadas pelo dom da maternidade. Que neste mês de maio, dedicado ao Dia
das Mães, as bênçãos de cada mulher possam tocar os corações dos filhos que
esqueceram que um dia elas geraram, amamentaram, deram banho, alimentaram
vestiram, carregaram no seu colo durante a madrugada, ficaram sem dormir para
aconchegar as dores, beijaram e falaram do amor que sentiam no coração e na
alma. O presente material é passageiro, mas o abraço, o beijo, o dizer mãe eu
te amo é eterno.
Mãe Carmela, nós, seus filhos e família te amamos! Beijo ao papai aí no céu. Esta semana ganhei uma cesta de bolinhos de chuva da Enide e Damasceno para reviver nossas tardes na varanda de casa.
Mãe Carmela, nós, seus filhos e família te amamos! Beijo ao papai aí no céu. Esta semana ganhei uma cesta de bolinhos de chuva da Enide e Damasceno para reviver nossas tardes na varanda de casa.
Vanderlei
Testa
Jornalista e Publicitário
@artigosdovanderleitesta
Jornalista e Publicitário
@artigosdovanderleitesta
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