Uma história comovente da missão da menina Silvia


O nascimento da Silvia e os 100 anos de Chiara Lubich.



Como descendente de italianos e a minha filha Camila com passaporte de cidadania italiana, sinto-me ligado às raízes da Itália. Foi lá nesse país do coração que no começo do século 19, mais precisamente em 1920, que uma menina de nome Silvia nasceu no dia 22 de janeiro no lugarejo chamado Trento. Seus pais Lubich já tinham um filho e ela seria a segunda dos quatro pimpolhos napolitanos. A menina Silvia seguia os passos da mãe na cozinha e nos afazeres domésticos, aprendendo da culinária italiana os deliciosos pratos da família. Mas a sua vocação viria no ano de 1943 com a Guerra Mundial que assolou com destruição o povo. Já com seus 21 anos de idade, Silvia Lubich sofria muito com sua família e a vizinhança repleta de amigas inseguras em meio às bombas que explodiam em Trento e arredores da cidade. Indignadas, na plenitude de suas juventudes e de coração cristão como religião católica as amigas foram em busca da reflexão que as levaram a sentir Deus, como aquele que não morre com guerras e bombardeiros. Sim, era Ele a esperança para difundirem uma esperança a tanta gente desiludida e desamparada pela perda de seus entes queridos nos campos de batalha.


Na busca de inspiração divina a jovem Silvia, batizada na Igreja de Tento com esse nome pelos seus pais, viajou até o santuário mariano da cidade de Loreto. Lá estava nossa Senhora de Loreto, padroeira dos aviadores e da aviação. O conhecido Santuário de Loreto é como o Santuário Nacional de Aparecida, no Brasil, um centro de peregrinação católico situado no município italiano de Loreto. É considerado um dos mais importantes da Itália. O santuário foi edificado ao lado da casa onde, segundo a tradição medieval, Arcanjo Gabriel anunciou à Virgem Maria a maternidade divina e onde viveu a Sagrada Família de Nazaré, casa essa miraculosamente transportada por anjos.
Na história centenária registrada na vida dessa moça tocada pelo Espírito Santo para uma missão maior, viria posteriormente a conclusão de seu curso de magistério em 1939, com seus 17 anos de idade, a participação de um encontro de jovens católicos na cidade de Loreto. A inspiração divina chegaria tocando o seu coração por um amor infinito  em seus 21 anos de idade ao ser chamada para a Ordem Terceira Franciscana. E as mudanças de vida eram iniciadas com o seu nome, que passou a ser Chiara (Clara em português) que ela escolheu em dedicação à Santa Clara de Assis. Chiara Lubich surgia ao mundo consagrando-se a Deus em sete de dezembro de 1943. Era um momento delicado da segunda Guerra.


Investida da graça e unção recebida por Deus para uma missão maior, Chiara e  algumas amigas inspiradas no mesmo chamado divino, iniciaram no dia da aparição de Nossa Senhora em Fátima, 13 de maio, o que chamaram de Focolare. Era 1944. Hoje, passados um século do nascimento de Silvia Lubich, celebramos a vida de Chiara e o Movimento dos Focolares que tantos benefícios têm proporcionado aos jovens e famílias de muitos países.
O Movimento dos Focolares, a grande obra e semente lançada por Chiara teve em 1962, a aprovação canônica pelo papa João XXIII, com o nome de Obra de Maria. No Brasil, foi na década de 50, mais precisamente em 1958 que os focolarinos deram início ao trabalho de evangelização. A expansão do Movimento dos Focolares atingia centenas de cidades.. Na cidade de Sorocaba, em julho de 1965 aconteceu no Seminário “São Carlos Borromeu” um encontro denominado como segunda Mariópolis. O arcebispo metropolitano, saudoso Dom José Melhado Campos acolheu os jovens participantes no auditório do seminário que funcionava na avenida dr. Eugênio Salerno, ao lado da atual Cúria Metropolitana. Entre as dezenas de famílias sorocabanas que continuam dedicadas ao Movimento, destaco os amigos José Benedito de Almeida Gomes e esposa Célia Gimenes e Márcia e Luiz Antonio Sewaybricker.

A homenagem da celebração dos 100 anos de nascimento de Chiara Lubich neste dia 22 de janeiro de 2020 representa a transformação de milhares de vidas na “Lei do Amor” dos focolarinos em sua nobre missão no mundo, Na sua última visita ao Brasil, em 1998, Chiara Lubich foi reconhecida com o mérito da Ordem do Cruzeiro do Sul pela atuação em favor das pessoas mais carentes. Ela faleceu em 2008 em sua casa na Itália. Atualmente o processo de beatificação e canonização de Chiara está no Vaticano.
Curiosamente, em setembro de 2020, minha tia Chiara Testa Gâmbaro, irmã de meu pai, celebra 100 anos de vida. Duas italianas santas, garanto!

Vanderlei Testa jornalista e publicitário escreve aos sábados no www.facebook.com/artigosdovanderleitesta e www.jornalipanema.com.br/opinões e www.blogvanderleitesta.com

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