Tributo a Renata Milano
Tributo a Renata Milano
A Covid leva a cada dia com
essa doença invisível milhares de infectados. São pessoas amigas e
desconhecidas que deixam as suas famílias enlutadas e tristes com as perdas.
Nesta semana, convivi com a despedida da Renata Mathiazzi Milano. Apenas 37
anos de vida. Há um ano ela teve um bebê, a Isabela. O amor de mãe irradiava a
cada dia no relacionamento diário de 24 horas das duas. Conheço a Renata desde o dia do seu
nascimento. Somos ligados afetivamente como tio e sobrinha, e mais que isso,
como uma verdadeira irmã da minha filha que cresceram juntas.
Revendo as fotos de
convivência dessas mais de três décadas, sinto no crescimento daquela menininha
Renatinha uma energia que irradiava alegria em viver. Sempre foi uma filha
esforçada. Estudou muito para superar os obstáculos da vida profissional.
Formada na Uniso, em Relações Públicas, seguiu sua carreira no Brasil até se
mudar para Dublin, na Irlanda. Há dois anos, decidiu voltar ao Brasil para ter
a sua filha em Sorocaba, cidade que nasceu. Junto com os seus pais, fui buscá-la no aeroporto,
em São Paulo. Retornava feliz com a
gravidez e repleta de esperança.
Quando a filha Isabela nasceu foi
uma explosão de amor materno e paterno. A cada mês do dia do nascimento,
preparava uma festinha pessoal com bolo e decoração para cantar os parabéns
junto com os avós e família. O registro
das imagens que postava dessas celebrações era tocante a todos os seus amigos. Neste ano de 2021 o grande dia de comemorar o primeiro ano de vida foi a mesma alegria. Estive
lá. A fazendinha, como tema de
decoração, apesar de serem para os seis membros da casa, enfeitou o ambiente.
Na esperança das palavras que ecoavam da Renata, “no próximo ano, sem a Covid,
vamos fazer uma grande festa à Isabela”.
Dois dias depois, os sinais
da Covid apareceram aos membros da família. Renata, sua irmã e seus pais
estavam infectados e não sabiam. Todos internados, começaram a se tratar em
locais de internação. A Renata em uma semana sucumbiu às complicações do Covid
e nos deixou com um vazio imenso no final do dia 12 de maio. Indescritível receber a notícia no Dia de NS
de Fátima. Não era possível, uma jovem com tanta saúde e feliz com a vida, ser
levada assim em um momento tão especial
da sua existência. Pensei em não escrever o artigo pela tristeza e dor, mas,
simbolicamente queria manifestar através destas palavras, a minha homenagem às
famílias que choram as suas perdas. Durante o tempo que passei na funerária e
cemitério acompanhando as providências de seu sepultamento, pude presenciar a
quantidade de pessoas que estavam também em lágrimas perdendo os seus entes
queridos. O que os olhos enxergam, o coração sente mais forte, diz um ditado
popular. É verdade! A Covid é ingrata, destrói família e leva sonhos a serem
realizados. Renata foi um caso real dessa infeliz doença. Infelizmente ainda os
governantes ficam politicamente discutindo em gabinetes e CPIs, sobre a compra
de vacinas. Não é uma gripezinha. É uma pena que haja irresponsabilidade nas
decisões imediatas a serem tomadas. Tratamento de uso emergencial no Brasil é
aprovado enquanto no mundo a decisão de aplicar vacinas na população vem
obtendo a imunização cientifica. Penso que enquanto a Covid não entrar nas
famílias dos governantes, sejam eles de qualquer mandato nacional, estadual e
municipal, não aprenderão nunca a entender o
que se passa nas famílias do
Brasil. Só quem perde uma filha, um pai e mãe, uma irmã, pode entender que
acima de votos e status político e financeiro, a Covid atinge o mais precioso
dos bens que é a vida.
Vá em paz Renata! Você
combateu o bom combate. Continuamos em orações pela sua mãe e irmã, ainda
internadas e seu pai, em recuperação. Intercede por eles aí no céu.
Foto arte: VT Renata e
Isabela
Vanderlei Testa jornalista e
publicitário escreve aos sábados no www.jornalipanema.com.br/opinioes e www.blogvanderleitesta.com .
Email de contato: artigovanderleitesta@gmail.com
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