A escada das cinco alunas do Fernando Prestes
Se houvesse um túnel do tempo com um trem
bala voando a 300 km por hora nos trilhos da saudade, certamente voltaria em
1967. São 55 anos ou 20 mil dias de percursos das casas das cinco alunas da
Escola Fernando Prestes. Elas, Zélia Reze Barbero, Eliana Cassaninga Pires de
Almeida, Vanda Telles, Cléia Públio e Elizabeth Rampim. Mocinhas na faixa
etária dos seus 15/16 anos viviam a sua juventude e sonhos numa época muito
diferente deste ano 2022.
A começar do uso do uniforme exigido para frequentar
as aulas, saia preta, camisa branca e sapato preto e meias na cor branca, elas
iam com seus cadernos e livros às aulas. Sei como era esse tempo porque também
estudei nessa escola no começo da década, cursando a quarta série ginasial. Um
dos professores era o Mister Frank, da disciplina Inglês. O mesmo “Teacher” das
aulas de inglês das cinco amigas que comemoraram 55 anos de amizade no último
dia 5 de maio, sentando nas escadarias da escola.
Na largada da estação em 1967 o nosso trem
bala conhecido como “Maria Fumaça”, nos faz imaginar as cinco garotas solteiras
nas paqueras das classes, nas conversas entre elas sobre o final de semana, nas
roupas e modelos de penteados que faziam sucesso nas revistas “Capricho”, “Contigo”
e outras edições que faziam a juventude feminina suspirar com as modelos das
capas. As nossas passageiras no Túnel do Tempo tinham como rotina diária,
marcar encontro nos degraus da escadaria em frente à escola. Essa convivência
era até fotografada como mostro neste artigo. Às vezes o grupo das jovens
amigas inovava convidando professores para posar com elas. Afinal, naquela fase
de suas vidas escolar valia tudo para agradar quem iria dar as notas no final
do mês. O americano Frank era um dos mais queridos dos alunos. Um idioma inglês
impecável ajudava no conhecimento da pronúncia nativa que as cinco garotas
poderiam usar com os bolsistas do exterior que vinham para Sorocaba. Uma das
atrações na cidade, o carnaval americano, fazia o maior agito no Sorocaba
Clube.
Nas estações da vida e, depois de formadas, a
amizade se fortaleceu com os namoros, noivados e casamentos. O amadurecimento
pessoal e desejo de formar famílias nunca impediu os encontros das cinco
mulheres, agora com as responsabilidades de filhos e netos. A Zélia Reze
Barbero casou em 1973 com o Antônio Barbero Neto. Uma história construída no
trajeto de 49 anos de vida conjugal, dos quais acompanho há 43 anos. A mesma
velocidade do simbólico trem bala é a rapidez da Zélia no seu dia a dia. O
marido Toninho relata que ela acorda às 5 horas da madrugada para iniciar a sua
agenda diária. É uma excelente cozinheira e na gastronomia há anos dedica-se ao
fornecimento de alimentação aos seus clientes. Ela percorre os supermercados
abertos 24 horas e entra na cozinha no amanhecer, e ainda consegue administrar
as entregas nas casas.
Sem perder o pique e com energia redobrada,
frequenta a academia do Ipanema Clube na hora do almoço e, como tem ainda as
suas inúmeras atividades com filhos, segue nas suas estações a toda velocidade
como trem bala. O seu filho Teco Barbero, fotógrafo do time dos amputados do
São Bento é uma das prioridades da Zélia. Ele também é colaborador como
jornalista na Faculdade de Engenharia e, mesmo com baixa visão, tem o seu dia
repleto e grato pela mãe dirigindo o carro em suas andanças de manhã, à tarde e
a noite.
Eliana Cassaninga Pires de Almeida tinha 17
anos na época da foto em 1967. Estudiosa, gostava da cultura e música. A sua
viagem neste túnel do tempo traz a vida de uma mulher vitoriosa. Os 55 anos de
amizade serviram para ela contribuir com a sua sabedoria, bom senso e
experiência, para ser uma das amadas com carinho pelo grupo. Mãe do Mário Neto,
da Mariana, do Miguel e da Marina, a Eliana esbanja alegria com o seu sorriso.
Com o marido, Mário Pires os filhos e netos adora a reunião familiar. É
incentivadora das reuniões festivas da turma nestas mais de cinco décadas.
Elizabeth Rampim destaca na sua rede social:
“tudo na vida vem a mim com alegrias, facilidades e glórias”. Ela é a luz acesa
há 55 anos, mantendo viva a amizade de todas. Todas as adversidades se tornam
motivação para vencer os obstáculos. Viúva, ela incentiva os dois filhos, João
Rampim e Carlos Simioni em suas iniciativas, como na produção de cerveja
artesanal. Nas datas de aniversário das suas quatro companheiras da Escola
Fernando Prestes, ela é a aquela que diz: “a grandeza da vida consiste em
espalhar amor por onde passar e acrescentar gestos de carinho a quem cruzar o
seu caminho”.
Vanda Telles faz parte das cinco amigas. “Fazer
o bem sem olhar a quem” é a sua regra de vida. Estudou na OSE depois do
Ginasial. Carinhosamente é chamada de “VTT”. Tem cinco irmãos. Amiga de todos,
traz sobre si como aquariana nascida em 24 de janeiro, a água como elemento da
natureza que admira. Vanda gosta de mensagens positivas para animar as suas
amigas no dia a dia destes 55 anos. Uma delas é: “com o tempo a gente aprende a
cair com classe, levantar com orgulho e só dar importância àquilo que realmente
importa”.
Cléia Públio é casada com Valter Públio.
Marcelo, Rafael e Georgia, são os três filhos que ama e se dedica a cada um com
o seu dom de mãe. Cléia nasceu em Sorocaba. Suas lembranças com as amigas de
juventude são relembradas nos aniversários natalícios de cada uma das cinco
alunas em encontros festivos. Clélia adora também a reunião que faz em família
com os filhos e netos. No seu diário da juventude guarda os textos das amigas
daquele tempo do túnel do tempo, como a Diorama Fernandes.
Arte: VT Fotos- Álbum de família
Vanderlei Testa ( artigovanderleitesta@gmail.com) Jornalista e
Publicitário escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul
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