Jardim Saira e o Alto da Boa Vista


A localização dos novos edifícios e condomínios do Jardim Saira é chamada de “Alto da Boa Vista”. Uma estratégia atual de marketing que deu beleza nos lançamentos e impacto na valorização dos imóveis. A história que pesquisei do início do bairro está documentada em cartório e demonstra que toda a área que ia do rio Sorocaba até os altos da avenida Reinaldo Mendes, era chamada “Chácara Cristina” e depois foi incorporada como Jardim Saira, devido ao nome da empresa proprietária. 

Várias construtoras estão erguendo as suas torres residenciais e comerciais nos “Altos da Boa Vista”, no entorno da Prefeitura Municipal de Sorocaba, Fórum, escolas e comércios atraentes, como hotéis, padaria, farmácia e redes de supermercados. Ao lado da futura marginal direita, em fase de projeto, há  edificação de quatro torres de apartamentos com mais de 10 andares cada. 

A curiosidade histórica sempre traz como resultado algo inédito em nossos conhecimentos. Nas últimas semanas, depois de ter relatado as emoções dos moradores do bairro Além Linha e bairro Além Ponte, convido o leitor a conhecer o Jardim Saira. Ele começa na futura marginal direita ao lado do viaduto da rodovia Castelinho e das pontes “Pinga-pinga” e Jornalista Fernando de Luca Neto. Também como referência, o Jardim Saira incorpora a avenida Joaquim Silva e o acesso à Prefeitura Municipal de Sorocaba, na avenida Carlos Reinaldo Mendes. Acho que já deu para o leitor se localizar.

Fui buscar as informações oficiais nos documentos do 1º Cartório de Registro de Imóveis de Sorocaba, em folhas registrando a data de 27 de dezembro de 1938, há 85 anos. Naquele ano, a Sociedade Anônima Indústrias Reunidas de Amido-Saira, adquiriu da família de Benedito Manhães Barreto e sua esposa, Sílvia Franco Barreto, uma chácara de nome Vila Cristina. Imagine uma área de 58 alqueires paulistas (cada alqueire tem 24.200 metros quadrados). Ia das margens do rio Sorocaba até onde hoje é a avenida Carlos Reinaldo Mendes, incluindo onde está a Fatec, Clube de Campo Sorocaba e a antiga Drury’s. Em homenagem à esposa do proprietário, a área ficou conhecida “como “Granja Sílvia”. Talvez o mesmo que aconteceu com a Granja Olga”, nos altos da avenida São Paulo.

 Em 1953, um novo registro em cartório denominou a área como Jardim Saira, com objetivo de loteá-la. Nascia um dos prósperos bairros de Sorocaba no Alto da Boa Vista, que vem sendo conquistado por grandes construtoras, com inúmeros edifícios e condomínios residenciais e comerciais. 

Uma praça chamada dos Sorocabanos e a escola do bairro, entre outras benfeitorias, foram sendo mapeadas no projeto, com denominação das ruas homenageando cidades do interior de São Paulo. Na alameda Itanhaém, o acesso ao Centro Comunitário; na alameda Batatais, a entrada do Centro de Referência de Educação, da Secretaria Municipal de Educação, Escola Estadual Flávio Gagliardi e Igreja do Divino Espírito Santo. Há também as alamedas Casablanca, Santos, Bauru, Jaboticabal, Jundiaí, algumas das vias onde residem mais de 10 mil pessoas.

Marcos Maldonado foi o primeiro presidente da Associação Amigos de Bairro do Jardim Saira. O letrista de revistas e gibis, Maldonado, como líder comunitário, buscou na sua gestão trazer melhorias ao iniciante bairro de Sorocaba. No entanto, um dos mais conquistados benefícios da sua gestão foi em parceria com o Clube das Mães, presidido pela saudosa Maria Conceição Bitencourt Silvestre: a construção do Centro Comunitário. Tenho em mãos a ata de posse da diretoria da associação das mães, fundada em 27 de agosto de 1987. Faziam parte, além da presidente, a vice, Maria das Dores Rosa Maldonado, as secretárias Catarina Aparecida Guidem e Cecília Cerqueira Ferreira, as tesoureiras Maria Concepcion Rodrigues Forti e Maria Teresa de Moraes Nunes, a diretora social Márcia Gentil Moraes, e a Relações Públicas Lilian Márcia Ramon Ferreira. Dolores e Marcos Maldonado, ainda participam da comunidade, juntamente com os filhos e netos.

Em 1º de julho de 1984, a Associação Amigos de Bairro do Jardim Saira registrou em cartório o seu estatuto, tornando-se uma entidade reconhecida junto aos órgãos públicos. No Jardim Saira havia na gestão do saudoso presidente e radialista Hidalgo Neto, da rádio Super FM, um programa com uma hora de duração destinada à participação dos moradores do bairro. 

Como a concessão do uso da área pública do Centro Comunitário pela Prefeitura Municipal foi por um período de 30 anos, em 12 de março de 2019, em ato realizado no Centro de Referência de Educação e com a participação do gestor de desenvolvimento administrativo e de Elaine Cristina de Matos Falcão, coordenadora do Clube das Mães da Comunidade do Divino Espírito Santo, foi assinado o termo de devolução do imóvel da alameda Itanhaém, 281. Foram 30 anos a serviço da comunidade. Hoje está fechado e sem uso pela municipalidade.  


Vanderlei Testa (artigovanderleitesta@gmail.com) -- jornalista e publicitário -- escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul

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