Maria e Francisco Moron, onze filhos na balança do pediatra
Maria e Francisco Moron, onze filhos na balança do pediatra
Quem é mamãe, com certeza
deu de mamar aos filhos. Agora, dar de mamar a onze crianças e criar com o
mesmo amor materno cada um, tornando-os cidadãos e cidadãs com sentimentos
nobres de família cristã, é o mérito de Maria Moron Morad. Ela se casou com
Francisco Moron Fernandes, o “Quitinho”, em 1938. No começo de casados, a
receita de ‘Miga com sardinha’ foi um dos pratos preferidos na cozinha da Maria
na alimentação dos Moron Morad. E com o seu jeitinho de mestre cuca, Quitinho preparava
outra iguaria, a sopa espanhola de gaspacho.
Visionário em negócios, o
Francisco Moron enfrentava todos os obstáculos de trabalho com as suas
iniciativas arrojadas. Uma delas foi montar uma torrefação de café no bairro
Além Ponte, onde eles moravam na rua dos Morros. O café sempre foi um produto
dos bules dos brasileiros. Foi assim que ele iniciou o negócio usando a sua
sabedoria comercial no Café Excelsior, cuja propriedade passou após alguns anos
ao conhecido ‘Mazito’, Waldemar Bernardes. Um empresário dos mais lembrados em
torrefação de café da cidade. Na sequencia das buscas de desenvolvimento
pessoal e profissional, Francisco Moron uniu o útil ao agradável, como se diz
popularmente às alianças de sucesso. Francisco recebeu um convite do dono
fábrica de balanças Filizola para ser a sua representante na cidade e região na
década de 40. Foi em 1943 que a família Moron constituída no matrimônio de
Maria e Francisco, que surgiu a primeira Casa das Balanças em Sorocaba.
Os filhos nascendo e
crescendo a cada ano, em onze partos realizados em casa dos Moron. Aumentava a
responsabilidade de sobrevivência e cuidados do casal. Os pais de Francisco,
Maria Lopes Cara e José Moron Moreno vieram da Espanha ao Brasil em 1907. A
experiência deles transmitida ao filho Francisco, bem como aos seus dois
irmãos, foi fundamental na trajetória de vida de cada um. Exemplo disso é a emoção
que cada um dos membros da família transmite ao falar dos avós e pais. São 38
netos, 46 bisnetos e três tataranetos gerados pelos onze filhos Moron, de Maria
e Francisco.
O “seu Moron” da Casa das
Balanças ficou como um nome ícone na cidade, contou o filho Pedro Miguel.
Graças a essa atuação no comércio varejista de Sorocaba, os rendimentos mensais
possibilitaram realizar o maior sonho do casal Maria e Francisco em estudar os
filhos em escolas que ofereciam qualidade de ensino às crianças. Um exemplo, o
filho José Francisco Moron Morad frequentou o ‘Instituto de Educação Santa
Escolástica’ em seus primeiros anos de vida. Hoje ele é um renomado médico
cirurgião no Brasil. Os filhos Juarez, advogado e Pedro Moron, engenheiro, com
as oito irmãs, também todas formadas, deram aos pais e avós, o orgulho de levar
o diploma para casa.
As filhas, Leila, Elizabete,
Clarisse, Maria Inês, Miriam, Lucia Elena, Isa de Fátima e Ivete foram às
meninas que perfumavam o lar dos Moron, com as suas presenças e as bonecas
ganhas como presente de Natal. Um apaixonado pela vida, Francisco Moron, dizia
aos filhos que todos deveriam saber crescer e envelhecer. Ele era um braço
vigoroso na educação e a mãe Maria, aquela que com fé e espiritualidade, derramava
todas as noites as bênçãos no berço de cada um dos filhos. Durante os 50 anos
de matrimônio que viveram juntos até 1988, ano da partida do Francisco ao
paraíso, a unidade de filhos e pais era um testemunho vivo de fraternidade
familiar. A beleza da unidade dos onze irmãos Moron Morad continua sendo uma
realidade da semente de amor plantada na família. Lembro-me do casal Maria e
Francisco e vários de seus filhos, como a Maria Inês Moron Pannunzio, casada
com o Antonio Carlos Pannunzio, Pedro Miguel Moron casado com a Ieda Camargo
Rodrigues Moron e a Leila Moron Morad casada com Osvaldo de Oliveira Lamos.
O ‘Dia dos Irmãos’ é uma
data de reunião da família Moron Morad. Eles, os onze irmãos se reúnem para
almoçar e celebrar a amizade e a convivência que vem sendo alimentada com o
afeto recebido dos pais. A motivação desse dia acabou por levar todos os irmãos
a se reunir na casa que era dos pais, na rua Francisco Ferreira Leão.
A moradia da família com os
onze filhos pequenos foi numa casa da Rua Dr. Álvaro Soares. Nas recordações
desse tempo, o aperto para acomodar toda a criançada nos quartos. Pedro recorda
que eram três mulheres em um cômodo, duas em outro quarto e assim iam se
ajeitando. Nas noites de frio ou quando o medo da noite chegava à turminha se
ajuntava no cobertor, diz.
Arte: VT
Vanderlei Testa (artigovanderleitesta@gmail.com),
Jornalista e Publicitário escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul
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