Hélio Dellosso e Apparecida tiveram quatro netos e fazem parte da história da ponte Dell'Osso da rua Quinze de Novembro

 


A ponte Dell’Osso, da rua XV de Novembro, tem história italiana

 

 

 

 ‘Dell’Osso’, sobrenome de família na Itália. No Brasil, foi registrado em cartório como ‘Dellosso’. Hélio Dellosso não quis mudar o seu nome, mas os sobrinhos foram pesquisar na cidade italiana de origem do bisavô Giovani Maurizio Dell’Osso e fizeram a correção em seus documentos e na placa da ponte da rua XV de Novembro, para continuarem a tradição dos Dell’Osso. Essa foi a introdução da entrevista realizada com um cafezinho servido em xícara de porcelana com 100 anos de fabricação.  A prosa ativou a memória dos 95 anos de vida de Hélio Dellosso. A sua história teve início na rua Paula Souza, em 1928. Filho de Vidalvina Rosa e Francisco (Chiquinho) Delloso, o menino Hélio morou nessa casa até 1942. Ao lado de seu lar, estava à centenária ‘Casa São Paulo’, na esquina da ponte na rua XV de Novembro. Essa loja está na história de Sorocaba como um ícone do comércio de ferramentas, instrumentos musicais e infinita variedade de produtos, como se recorda o Hélio, um dos herdeiros que trabalhou nos balcões por mais de 60 anos.

 

Uma das alegrias que o Hélio se recorda a cada dia, aconteceu na inauguração da placa com o nome de seu pai Francisco Dell’Osso,. Ele fez o discurso de agradecimento em nome da família. Em suas palavras, escritas e guardadas no diário que mantém com as suas lembranças, Hélio disse: “Quando, em 31 de maio de 1985, nosso pai faleceu e, 16 dias depois, a nossa mãe o acompanhava, passamos por momentos tristes e difíceis”. “Nesta hora foi importante a presença dos amigos”. “Um gesto que calou fundo em nosso coração foi à indicação feita por Américo de Carvalho, para homenagear nosso pai com o nome desta importante ponte histórica de Sorocaba”.

 

 

Perguntei à filha do Hélio, professora Aparecida de Fátima Dellosso de Lá Rosa, qual era o segredo da vitalidade do pai? Ela respondeu: ”meu pai acorda todos os dias e agradece a vida, o sol, a família e tudo o que ele tem ao seu redor. Nunca reclama de nada e faz da oração a sua fortaleza”. Depois perguntei ao Hélio, onde ele, com 95 anos, fortalece a sua lucidez e energia positiva. A resposta chegou rápida, com a afirmação de estar a serviço da ‘Sociedade São Vicente de Paulo’, como vicentino voluntário, há 52 anos.

Hélio estudou no ‘Colégio Santa Escolástica’ e na juventude prestou vestibular  na Faculdade de Direito de Sorocaba. Ele se formou na segunda turma, entre os 18 alunos aprovados. Os seus pais tiveram sete filhos: Plinio, Nilza, Enilza, Dirceu, Darci, Hélio e Miriam. Hélio nasceu em 26 de junho de 1928.

 

Na sua fase de juventude, aos 16 anos de idade, Helio encontrou a sua namorada. Ao relatar esse episódio, os seus olhos brilharam buscando na memória o dia do bailinho de Aleluia no Sorocaba Clube. “A Cida estava de vestido branco, maravilhoso!”. “Fiquei encantado por ela”. Esse encontro ao som da orquestra dos “Irmãos Cavalheiros” levou o casal a sonhar com o casamento. Duraram seis anos o namoro. Mas, recompensou à espera, disse Hélio: foram 64 anos de casados com a Apparecida Alves de Oliveira Delloso. “Os 70 anos que passamos juntos foram uma graça de Deus em nossas vidas”. Cida e Hélio tiveram dois filhos e três netas e um neto: O filho é Hélio Delosso Júnior casado com Ana Célia Ayres Dellosso, pais de Ana Fernanda Ayres Dellosso  e Ana Beatriz Ayres Dellosso. A filha do Hélio, Aparecida Dellosso Della Rosa é casada com Sergio Guedes Della Rosa e são pais de Mariana Dellosso Della Rosa e Narciso Della Rosa Neto.

 

 

 Hélio enfatizou que se lembra do seu avô antes de dormir, onde ficava orando de joelhos, ao lado da cama. “Ele orava com fé”. Outra lembrança religiosa que o Hélio testemunhou, foi ouvir da sua neta, ainda criança: “a minha irmã (gêmea) ganha de mim nos sorteios que o vovô faz, porque ela reza”. Esse fato, Hélio explicou que ele fazia sorteio de brinquedos com as duas netas e sempre a mesma neta ganhava.

 

De seus tempos na loja que passou do avô ao seu pai e, depois aos filhos, Hélio relembrou de uma boiada que passou pela rua XV de Novembro e um boi entrou na loja, circulou entre os corredores e não quebrou nada. Também citou a enchente de 1929 que inundou o rio Sorocaba e quase encheu a loja de água.

 

 “Dias atrás, eu me sentei em um canto da minha casa e fiquei a meditar: Como foi meu pai? Qual a sua importância como homem, como membro de uma comunidade, como chefe de família, como comerciante, como servo de Deus? E conclui que o seu ‘Chiquinho’ foi uma grande pessoa. Porque os grandes homens não se medem pelas grandes obras que realizam, mas pelo conjunto  de pequenas coisas que realizam no dia a dia”.

 

Fotos: Álbum de família/Vanderlei Testa

Arte: VT

Vanderlei Testa (artigovanderleitesta@gmail.com) Jornalista  e Publicitário escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul

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