Sorocaba, na história mundial dos jeans, produziu mais de 80 milhões de calças

 

Sorocaba, na história mundial dos jeans, produziu mais de 80 milhões de calças

Por Vanderlei Testa

 

O mundo inteiro usa jeans e a maioria desconhece que esse produto icônico, presente no closet e guarda-roupas de jovens e adultos, teve origem em 1800. A história da indústria têxtil registra que um tecido de sarja de algodão, cujos fios eram trançados em rústicos teares, tinha o nome de ‘jeans’, na cidade de Nimes, na França. Mas, em 1873, uma invenção norte-americana mudaria a trajetória desse tecido tingido de índigo, com uma novidade que agradou os cowboys, vaqueiros, mineiros e estrelas do rock: bolsos e rebites resistentes. Essa invenção da terra do “Tio Sam” foi patenteada, e o alfaiate Jacob Davis, em parceria com um empresário do  setor têxtil de São Francisco, de nome Levi Strauss, marcou  para sempre a história desse famoso tecido que atravessou os tempos. Daí surgiu a marca “Levis”

Hoje, em 2024, consolidado, mundialmente, até na alta-costura, o jeans deixou de ser sinônimo de tecido grosseiro, para fazer parte da cultura pop, tornando-se a marca de um estilo de vida de várias gerações. Durante os anos 60, no auge do movimento hippie, esteve associado à ideia de rebeldia.

A educação exemplar dos pais, Maria Bertha Wenzel Leme dos Santos e Walter Lemes dos Santos, para com os filhos, e o dom do comércio inspirador do patriarca, são alguns dos motivos que levaram Paulo Walter Lemes dos Santos e seu irmão, Fábio Lemes dos Santos, ao sucesso na indústria têxtil de jeans.

Paulo, ainda no início da sua maioridade, foi estudar na Suíça por 18 meses. Quando retornou, ingressou na empresa Sussex do pai (hoje, instalações do Colégio Politécnico). Novas ideias, projetos de vida, casamento e o desejo de ter o seu negócio próprio, levaram-no a São Paulo, com a finalidade de alugar 20 máquinas de costura industrial.

Em Sorocaba, Paulo Walter fez a locação de um salão, na Avenida General Carneiro, com 300 metros quadrados. Esse início empresarial, em 1975, foi decisivo na vitoriosa trajetória destes 49 anos de história que Paulo e o seu irmão Fábio comemoram em 2024. A grande sacada de entrar no ramo têxtil de jeans, cortando, tingindo de índigo e costurando as peças para empresas terceirizadas, que vendiam quantidades expressivas de calças, fortaleceu a nova empresa planejada por Paulo Walter.

Em poucos anos, foi necessário que a empresa adquirisse um novo barracão, com a respectiva ampliação do contingente de costureiras, a partir da duplicação de máquinas. Esse novo contexto elevou a produção para milhares de peças produzidas mensalmente. Para se ter uma ideia da importância dessa fase, para a expansão da empresa e, a atual, nas estatística dos números de peças já produzidas, nestes 49 anos, Paulo cita, com orgulho, as mais de 80 milhões de calças e itens produzidos com jeans por sua empresa.

Uma de suas marcas nasceu de sua inspiração, quando morava no exterior, ao conhecer, em um Pub, em Glasgow, na Escócia, o nome do pai do corredor de Fórmula 1, Jack Icks. Em 1986, foi batizada, comercialmente pelo Paulo, a ‘yck's’. Essa marca visava, na época, há 38 anos, suprir o mercado de jeanswear, que despontava como moda aos jovens arrojados desde os anos 50. Foi um sucesso total!

Com campanhas publicitárias inteligentes publicadas, no jornal Cruzeiro do Sul, em tempo recorde de existência, em Sorocaba, fez com que a loja se tornasse um grande sucesso de vendas. Um fato de destaque, no comércio varejista de roupas, aconteceu na unidade da Avenida Eugênio Salerno, que passou a ter imensas filas de jovens clientes que aguardavam horas para serem atendidos.

Com a participação do irmão Fábio, na gestão operacional, a empresa seguiu sua vocação inovadora no comércio varejista local. Com um departamento de estilo e design exclusivo, além de uma estrutura moderna, com estilistas que acompanham a moda internacional, trazendo o que existe de mais fashion das principais capitais da moda mundial, como Nova York, Londres e Berlim, em suas instalações industriais de Sorocaba e do Paraná. Essa inovação é apontada como uma das mais importantes do País, como  destaca a ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e da Confecção. A missão da ABIT, segundo Paulo Walter, um dos membros atuantes da entidade, é promover o desenvolvimento da rede de têxteis e de confeccionados, da matéria-prima ao consumo, descarte e reuso. Isso ajuda as pessoas e empresas do setor a realizarem todo o seu potencial no Brasil.

 Vanderlei Testa 

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